Suicídio Sem Dor, uma obra inspiradora

Kurt quer se matar, mas tem medo. Tem medo de ir pro inferno, tem medo de magoar a sua mãe, tem medo do que os amigos vão falar dele. Enquanto pensa em se matar, Kurt vive sua vida. Lida com a sua namorada meio louca, com seu chefe briguento, com sua mãe assistente social, com seu pai ausente, com a mulher dos seus sonhos que ele encontra em uma lanchonete e com um assassino serial que ele investiga.

São 51 páginas de Fade Out: Suicídio Sem Dor, uma HQ nacional feita com roteiros de Beto Skubs, desenhos de Rafael De Latorre, cores e letreiramento de Marcelo Maiolo. A narrativa é rápida, dá ênfase nas ações dos personagens (uma quantidade grande de personagem em relação ao número de páginas), que interagem e fazem a vida de Kurt desenrolar até o seu derradeiro fim: a morte. Calma, calma, isso não é spoiler! =)

Logo nas primeiras páginas, temos nomes pesados do quadrinho nacional falando sobre a graphic novel que temos em mãos, tais como Sidney Gusman, Mike Deodato Jr. e Danilo Beyruth. O pensamento que vem à cabeça de um fã de quadrinhos e de aspirante a quadrinista que nem eu, ao me deparar com essa que é a PRIMEIRA obra conjunta dos caras, é de "PUTA QUE PARIU!". Eles praticamente entraram no cenário com uma voadora de dois pés na caixa torácica! Tipo de trabalho em parceira que você fica na ânsia para ver o próximo.

Fade Out é uma graphic novel rápida sobre alguns momentos da vida do protagonista Kurt. Em poucas páginas, muito acontece. O enredo impulsiona rapidamente as ações. A arte e a colorização são coisas de deixar boquiaberto e, ao mesmo tempo, orgulhoso de tal bela obra ter sido feita em terra brasileñas, por gente boa daqui. Além de ver o incentivo bacana que os quadrinhos aos poucos (bem aos poucos) vem ganhando, já que a obra foi financiada pelo ProAc, Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo.

Tive a oportunidade de obter um exemplar da HQ por um preço superacessível, no estande da Comix (de SP) que veio à Bienal do Livro do Ceará. Vale a pena ressaltar também a qualidade da edição (capa, papel, cores). É coisa de profissa! Infelizmente, essa obras autorais brasileiras demoram e são difíceis de achar por aqui. Se for possível adquirir pela Internet, eu recomendo. Qualquer coisa, perturbem os autores no Facebook do projeto.

Sobre a trama em si, não há muito o que dizer além do que foi dito no primeiro parágrafo desse texto. Deixo a dica de que é uma história muito legal. Você se sente amigo do avoado Kurt, um cara com uma ideia na cabeça e diversas inseguranças no coração. Nas poucas páginas, há reviravoltas dignas de um filme, repleto de referências e diálogos interessantes. E um final digno de uma ótima história. Recomendo Fade Out: Suicídio Sem Dor tanto pelo esmero da produção quanto pelo papel que pode representar a quadrinistas iniciantes (tipo eu).