segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Django e Jackie, ou Os Filmes Que Me Fizeram Gostar de Tarantino

Recentemente, me pegava respondendo um "não" à pergunta "E aí, tu gosta do Tarantino?" Confesso que mudei minha opinião. E hoje, com a cabeça completamente mudada, posso dizer que realmente gosto do trabalho do cara. E dois filmes me fizeram mudar de opinião: Django Livre, o mais novo, e Jackie Brown, um dos mais antigos.


Kill Bill com rifles e pistolas

Bala, muita bala, muito sangue e muito tiro. Isso é Django Livre, o mais novo filme do diretor Quantin Tarantino, que segue sua jornada revanchista através de vários períodos históricos. Jornada iniciada com seu penúltimo filme, Bastardos Inglórios, de 2009. Confesso que não gostei de Bastardos. Achei o filme lento e chato, com diálogos cansativos e "overrated" (todo mundo parece amá-lo). E fui com o preconceito recebido por Bastardos que fui assistir Django. E me surpreendi!


Apesar dos seus 165 minutos, as diversas reviravoltas de Django (e os diversos tiroteios típicos de uma bom faroeste) fazem o filme passar rápido. Além de ótimos diálogos e atuações, é um bom filme de ação. Não o considero o melhor filme que vi do Tarantino (esse espaço cativo fica nas mãos de Kill Bill), mas sem duvida é um dos melhores. Como sempre, o diretor coloca muito do drama e da tensão do filme nas costas da constelação de estrelas com quem trabalha. E o elenco não decepciona.

Jamie Foxx está incrível como o ex-escravo Django. Seu companheiro de aventuras, Dr. King Shultz, é vivido por Christopher Waltz, que mais uma vez atua brilhantemente em um filme de Tarantino (uma das poucas coisas que eu gostei em Bastardos é o personagem e a atuação de Waltz, muito bem premiada com o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante daquele ano). Leonardo DiCaprio está muito bom, dando seu próprio sangue (literalmente) para o papel do vilão Calvin Candie.


Quando ouvi falar do "faroeste do Tarantino" não imaginava que essa pequena definição poderia enquadrar tão bem o filme. De fato, Django é um faroeste, e é TARANTINO ATÉ O TUTANO! Cada tomada, cada cena, cada diálogo, cada reviravolta, cada música da trilha sonora (misturando rap com velho oeste). O diretor se apresenta em cada momento do filme. E eis um dos motivos que me fez mudar de ideia sobre a obra de Tarantino. Da mesma forma que você olha um quadro e vê o autor por trás dele, os filmes dele saltam aos olhos da mesma forma (na maioria das vezes na forma de um jorro de sangue). Seja através da ultraviolência, através dos diálogos ou através do esforço que o diretor põe nas costas dos atores.


Certo dia, deparei um (sim, "deparei um", você sabia que o verbo "deparar" é transitivo direto?) Rapaduracast sobre as obras de Tarantino. Percebi então que, de todos os filmes que estavam sendo discutidos no podcast, eu só não tinha visto um até o momento. E, devido a isso, fui atrás de tirar esse atraso.

Jackie Brown

Adaptação do livro Rum Punch, Jackie Brown foi dirigido por Tarantino em 1997. E, novamente, o diretor tá lá o tempo todo. Jackie não é um dos melhores filmes dele, na minha opinião, mas não dá pra desassociar a película do diretor. Os diálogos, os atores, a tensão, a violência. Tudo bem similar ao longa de faroeste de 16 anos depois. Entre Django e Jackie temos outra semelhança: o protagonismo negro. Ambos os filmes mostram as dificuldades sociais em períodos diferentes: um, um homem na época da escravidão; outro, uma mulher na década de 90, quarentona e sem perspectivas profissionais e envolvida com o mundo do crime.


O filme é bem bacana, com seus looongos diálogos e as interpretações muito boas de Pam Grier (atriz que interpreta a personagem que dá nome ao filme), Robert Forster. Samuel L. JacksonBridget Fonda, Robert De Niro e Michael Keaton. O ritmo do longa é travado às vezes devido às longas falas dos personagens, no entanto, o desenrolar dos planos se dão de forma inteligente. Como em Cães de Aluguel, é um filme pontual sobre personagens querendo dinheiro vitalício rapidamente, focado em momentos chaves (em Cães, um assalto a banco, em Jackie, uma série de negociações para capturar um traficante de armas).


Anteriormente, eu achava a obra de Tarantino overrated, devido a algumas frustrações (como em À Prova de Morte e Bastardos, os dois dele que eu menos gostei) e a um pouco de sentimento hipster. Eu gostava de alguns filmes do cara, mas não conseguia dizer que eu realmente admirava a filmografia dele. Mas Jackie Brown e Django Livre mudaram meu ponto de vista completamente. O cara acerta muito mais que erra. E não vejo a hora de ver o próximo filme dele. Frustrado ou não, vai ser um prazer pontuá-lo na minha lista de melhores e piores do Tarantino.

PS: meus três filmes preferidos dele são Kill Bill - Volume 1, Pulp Fiction e Django Livre. =)

PS 2: Deem uma olhada nesse curta metragem sensacional protagonizado por Selton Mello e Seu Jorge e deixe-se gostar ainda mais do velho Tarantino. ;D

Um comentário:

  1. Bom saber que finalmente você foi "exorcizado" do antigo conceito que tinha sobre o Tarantino.
    :D

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