Parte das obras de Alan Moore tem uma narrativa cíclica. O autor tem uma certa tendência a escrever fins que remetem ao começo de suas histórias. Ao falar isso, me lembro de Piada Mortal, da dupla Moore e Brian Bolland. No entanto, o foco dessa postagem é em dois momentos da HQ mais celebrada do autor britânico: Watchmen. Caso você não tenha lido essa belezura, é provável que tenha spoilers mais à frente, mas nada que vá doer tanto.
Os três primeiros e os três últimos quadros de A Piada Mortal, da dupla Moore e Bolland. Mais uma obra cíclica.
Vencedor dos prêmios Eisner e Kirby, específicos da indústria dos quadrinhos, e do Nebula, troféu da indústria literária de ficção científica e fantasia (bom lembrar que essa foi a única HQ da História a vencer tal prêmio), Watchmen quebrou paradigmas. Sou um tanto quanto crítico a prêmios literários dados a quadrinhos, acho muito massa, mas ainda creio que fica na cabeça do público que, se uma HQ ganhou um prêmio de Literatura, ela foi "elevada" a outro nível. Luto para mostrar ao mundo que quadrinhos e literatura são linguagens diferentes com o MESMO nível de importância, mas essa discussão fica para depois.
Longe de mim, nessa breve postagem, mostrar todos os momentos cíclicos da história dos Minutemen. Posteriormente, com mais tempo e mais foco, talvez possa desenvolver uma análise mais complexa. No entanto, venho aqui demonstrar somente duas evidências desse movimento narrativo que Moore dá a parte de suas HQs.
Uma delas se mostra logo na primeira parte da série. A última página da primeira edição traz um "movimento de câmera" similar ao mostrado na primeira página, partindo, inclusive, do mesmo objeto em momentos diferentes da história. A movimentação cíclica não fica somente no objeto e no zoom out, fica também no assunto da discussão dos personagens. Enquanto nas primeiras páginas dois policiais conversam sobre a morte de Edward Blake, na última, Daniel Dreiberg (o Coruja) e Laurie Juspeczyk (a Espectral) citam o mesmo assunto: a morte do Comediante.
Uma delas se mostra logo na primeira parte da série. A última página da primeira edição traz um "movimento de câmera" similar ao mostrado na primeira página, partindo, inclusive, do mesmo objeto em momentos diferentes da história. A movimentação cíclica não fica somente no objeto e no zoom out, fica também no assunto da discussão dos personagens. Enquanto nas primeiras páginas dois policiais conversam sobre a morte de Edward Blake, na última, Daniel Dreiberg (o Coruja) e Laurie Juspeczyk (a Espectral) citam o mesmo assunto: a morte do Comediante.
O plano detalhe se desenvolve em um plano geral, partindo do mesmo elemento, tanto na primeira quanto na última página da edição.
Além do primeiro número da série, a narrativa cíclica de Alan Moore também se fecha ao final da história como um todo. Se atentarmos ao primeiro e ao último quadro da história, iremos ver exatamente os mesmos elementos, novamente, não somente visuais, mas também semânticos.
Talvez, Watchmen seja na verdade um grande relato presente no Diário de Rorschach. Talvez não. O fim e o início se encaram. Esse é só mais um dos inúmeros aspectos que tornam Watchmen uma obra única, densa e maravilhosa para quem curte não somente quadrinhos, mas histórias excelentes. Provavelmente, voltarei em breve para falar sobre essa história aqui no blog.
De um lado, o smile. Do outro, o smile. De um lado, o diário de Rorschach. Do outro, o diário de Rorschach.
Talvez, Watchmen seja na verdade um grande relato presente no Diário de Rorschach. Talvez não. O fim e o início se encaram. Esse é só mais um dos inúmeros aspectos que tornam Watchmen uma obra única, densa e maravilhosa para quem curte não somente quadrinhos, mas histórias excelentes. Provavelmente, voltarei em breve para falar sobre essa história aqui no blog.
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